Falar de exame em hospital é cansar todo mundo. Tô cansada dessa trip hospital. Parece que é uma fase para dar um sentindo aquela palavra sanscrita que eu não me lembro mais. Estou há anos luz dessas coisas esotéricas. Acho que meu anjo torto tomou conta do meu ser. Ah, não tô reclamando não. Tá sendo uma fase intensa que eu não sei onde vai chegar. Mas vai.
Hoje sofri dor física. E estou amuada.
Amassaram meios seios de encontro a uma máquina moderna Rostron.
A porra é intimidante.
E quando desaba sobre sobre nossos pobres seios, comprime e machuca.
Estou amuada e dolorida. Não mereço que minha carne seja mais machucada do que já está.
Um horror que a enfermeira manipuladora de mamas faz com precisão de fotógrafo japonês.
Aquele metal gelado na sua pele e a carne prensada por uma máquina bruta.
Não dá prá relaxar num cubículo gelado - com ar condicionado alto -
Pare de respirar prá eu te mandar raios X. Semi-pelada. Lembrei daqueles filmes do campos de concentração. Auschwitz é aqui.
Depressão:
Voltar pra Maria Antonia e ficar entricheirada.
Choveu um bocado e pesado.
Quando saí daquele ambiente hospitalar,
vi um caminhão de lixo asseptico saindo do estacionamento.
Provavelmente, levava nossos pedaços e secreções alí.
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Não dá prá levar a sério a vida desse jeito.
Então, vou ficar quieta no meu canto,
tocar fogo no meu universo;
mandar andar quem não tem nada prá me dizer.
Pegar nos poetas e nos livros ;
ficar quieta no meu canto, dor nos peitos,
mimimi...
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E todo o céu carregado de São Paulo sob testemunha.
Pode vir chuva de novo.
* Imagem via La Coleccionista
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