Então eu tomo a taça do veneno,
fumo aquela erva forte e
injeto na veia esquerda o tortuoso líquido transparente.
Desfaleço e acordo no chão do banheiro
com um galo na cabeça.
Tem alguma coisa que dói aqui dentro do peito.

Sigo em frente, vou prá rua,
muito dolorida e desabo novamente.
Desta vez na porta da rotisserie.
Bolsa para um lado, celular para outro.
Rasguei a calça e o tornozelo sangrava.

Quando estava estatelada, eu me senti uma náufraga
bebendo água salobra , aterrorizada e
agarrada num pedaço de madeira e ferro.
No delírio do desmaio ,
abri um livro que se lia detrás prá frente.
Estava escrito:
Se virar a esquerda na próxima rua, tá fodida.


Quando o sol bateu forte no meu rosto, acordei.
Os transeuntes do ponto do ônibus,
já me olhavam com um misto de espanto e perplexidade.
Levantei e segui em frente com minha bolsa pesada : livro de vampiros ,
monte de maquiagem, batom e caderno prá escrever. Meu único bem:
um celular velho e fodido.
Vento frio e os olhos embaçados.
Galo na cabeça, tornozelo trincado e gosto de bílis na boca.
Puta sorte ! Não fui roubada.
Vontade de tomar uma Coca gelada
e depois um café quente na padoca.
Qual é o caminho de casa mesmo ?



* Imagem via Overflow

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| Por Prensada | quarta-feira, 12 de agosto de 2009 | 10:08.