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Sábado no teatro do Sesc Consolação, por conta de La Douler ( A Dor ), texto de Marguerite Duras. Um monólogo de 1h15 minutos, baseado nos diários de Duras em 1945, fim da Segunda Guerra. E os deportados para os campos de concentração começam a retornar vagarosamente. E a apreensão é enorme, porque muitos morreram nos campos incinerados ou então minguaram de fome e tifo abandonados em seus leitos.
O tifo é horrível, é uma doença feia de ver, como diz o texto de Duras.

Ela espera o retorno de seu homem, Robert L.
Fica insone, louca e obsecada com a sua grande dor: Robert retornará ?
Os dias vão passando e ela alucina na possibilidade de Robert L. já estar morto. E fala com ele, morto numa cova rasa. Come batatas, senta ao lado do telefone durante horas , esperando a notícia. Corre até as gares, principalmente Orsay. Em Orsay , o governo francês coloca um posto de recebimento dos que retornam da guerra. Lá está ela, agarrada a sua bolsa grande e com o olhar cansado e apreensivo. Ela não sabe se ele continua vivo. Vagando em meio ao esturpor da cidade, percorrendo serviços de informações, sem comer, sem dormir, ela espreita, ela procura o menor sinal de esperança.

Esperança.
Robert L. está de volta:
o retorno é doloroso.
O tifo é implacável com ele. Definha de febre e diarréia.

Os cinco minutos finais do monólogo são atordoantes.
Dominic Blanc dá uma aula de domínio cênico, sensibilidade, terror e amor.
( * Mas não conto o final )


Saí com vontade de berrar na rua.




* Imagem foto Dominic Blanc, programa do Sesc.

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| Por Prensada | domingo, 13 de setembro de 2009 | 23:15.