Lá vem o divã again.
No caso, uma cadeira azul.
Tudo bem , estou de costas para ele. Não posso olhar seu rosto.
Mas espio seu gabinete de trabalho e fico hipnotizada com as pequenas esculturas
gregas e egípcias, no aparador.
Um grande espelho , tapetes orientais e outra mesa mais larga ,
com mais algumas relíquias antigas. Grande colecionador.
Máscaras e totens. Muitos livros.
Meu coração é uma puta para os livros,
digo para dr. Freud.
Para seres mamíferos, bem nascidos e ornados -
sou aquela artista da praça da República.
Uma decadente, que finge que escreve e lê aos trancos e barrancos.
Dr. Freud recomendou banhos de mar aos gritos,
e emendou:
"Sua arte deverá ser o louvor a algo de que você goste.
Pode ser o louvor a uma concha ou a uma pedra."
E, em seguida, me atirou uma pequena peça de mármore rosa
que acertou direto na minha testa.
Então, elegi uma coruja.
Não sei o que farei com ela.
Vai virar arte da República ?
Chega de estórias de amor.
Viva a coruja.
* Imagem da corujinha via Oh, my Owls
* Imagem livros e cadeira azul via Book Lovers
Marcadores: Meu querido diário - Dr. Freud e a Coruja