Alguns colecionam carrinhos importados e os exibem em prateleiras bem limpinhas.
Acho que essas criaturas tem faxineiras dia sim dia não. Bom prá eles.
Tem outro tipo de gente que coleciona figurinhas da Copa do Mundo
e sabe o nome de todos os jogadores do planeta.
Outros tem pilhas de cds e dvds e nem lembram os títulos.
Precisamos colecionar para ter a posse.
Caraleos de silicone, meias Pucket, calcinhas de antigas namoradas,
gibis do Capitão América e do Surfista Prateado.

Tem gente que coleciona lixo dentro de gavetas. Um horror.
Agora tá na moda colecionar monstrinhos feios e bonitinhos, tipo toy art.
Uma vez, fui num almoço numa fazendo de um bam-bam-bam do gado,
o cretino tinha um galpão cheio de troféus de caça.
Animais mortos: veados,
panteras e sei lá mais o que. Um nojo.
Ele fazia safaris na África e trazia prá casa os despojos.

Estou enrolando demais para falar do meu pai, o Bob.
Era um feroz colecionador de tudo.
Encontrei lá na casa da praia, uma série Topo Gigios ( hilários ) , brinquedos de corda alemães muito lindos, um jacaré-filhote empalhado que ele ganhou de presente e não sabia o que fazer com ele.
Minha mãe tinha horror deste treco e doou para um museu de Santos.
Deu muito trabalho organizar trenzinhos elétricos, embalagens de chocolates importados, garrafinhas de bebidas, miniaturas de bicicletas, barcos antigos em miniatura , caixa e mais caixas de lápis de cor e de desenho.
Sem falar de um forte apache completo ( com indios e a sétima cavalaria ).
Achei uma espingarda velha , vários cronômetros ( porque nos nadávamos muito ) ,
caixas e mais caixas de fósforos antigas, moedas velhas que pareciam o tesouro do Jack Sparrow, uma coleção muito legal de selos, toneladas de caixas de sementes , caixas de pedras de rio , caixas de medalhas militares , caixas de balas de revolver calibre 22 , caixas de flâmulas de clubes de futebol do mundo todo, caixas de chapéus , caixa de canivetes de todo tipo,
caixas de garrafinhas de Coca-Cola ( essa era minha...ehehehe ) e surpresa:
caixas de papéis com seus escritos.

Encontrei há pouco essa caixa de poesia.
Poesia de caserna, porque ele foi militar. São super bem escritas e irônicas.
Bem humoradas. Falavam do dia-a-dia nos quarteis, diversão com colegas e namoradas
e a dificuldade de cumprir a dura hierarquia militar.
Com os anos , Bob Pai virou um soldado de chumbo.

Bob Pai se perdeu, deveria ter seguido as letras e não a carreira militar.
Tinha uma verve de sonhador e malucão.
Cantarolava na rua, vivia assobiando e me ensinou diversas poesias.
Um homem bonito que não viveu o que deveria ter vivido.

Tudo isso prá dizer,
Bob Pai,

que sua vontade foi cumprida.
Fique em paz.
Tá tudo bem agora.

;o)

* Imagem via Delightful delicious

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| Por Prensada | sexta-feira, 14 de maio de 2010 | 18:24.