Homenagem aos poetas ingleses Românticos.
Eles diziam que trabalhavam,
caminhando pelos gramados
e bosques verdinhos nos arredores de Londres.
Viviam de favor na casa dos outros.
Uma confraria respeitosa e humana,
eram os Deuses do Olimpo, muito reverenciados.
Poeta trabalha pensando, caminhando e escrevendo
em papéis soltos, como Keats.
Fiquei tão pálida quanto John Keats,
porque entendo esse ritmo dele.
John Keats estava vivendo para escrever
ou escrevia para viver. Pobre de dar dó.
Conheceu uma moça e encantou-se.
Não sabia ao certo o que era aquilo, aquele sentimento todo ;
mas ficou tão aturdido de sentir atração,
que queria abrir mão de toda a sua produção
e concentrar-se nela, na sua nova paixão.
Escrever para um só objeto, o objeto do seu amor.
Perdeu-se no meio da impossibilidade,
começou a tossir na Londres gelada.
Farfalhar de roupas , arfar de amor, rouxinóis ,
beijos apaixonados e cuspir sangue.
Uma beleza o Romantismo.
Uma revoada permanente de helicópteros agora - para não perder a hora - informações de trânsito pesado. Cometas e objetos voadores invisíveis na metrópole e poeira particulada. Rock'n'roll prá acordar , rock'n'roll. Palavras que vem do Centro Expandido do meu peito, de sampavelox , das Marginais - eixo norte e sul , Elevado Costa e Silva , direto na rua da Consolação.
Agora estou aqui,
desfrutando da minha nova carcaça e rosto;
que até pouco tempo eu desconhecia.
Agora sei que estou no meu caminho, sem erro nenhum;
faço parte da confraria dos ex-poetas que caminhavam
em campos verdes;
que estão sempre pálidos,
apaixonam-se perdidamente -
e cospem sangue.
Quando caminho escrevo,
no centro expandido do meu peito.
* Imagem via HitRecord
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