Lá vai mais um ano. Se você não sabe onde estava no ano passado por esse tempo, eu lembro muito bem.Anotei tudo no caderno. Palavras que começam a formigar, pulsam nas veias do pescoço, procuro desesperadamente uma caneta, papel ou lápis, ou desabam no teclado, voam pela janela no meio do ar da abominável sampavelox. Quando olho pra trás sinto o cheiro, os tormentos e a dor daqueles dias. Andava feito uma tonta por aí, na corda bamba, com tudo rangendo, tocada por álcool, fumaça , lamento e impossibilidades. Foi na Primavera do ano passado. Nem via flores e os ipês da Consolação.
Quase uma escrava perene das coisas que não conseguia dominar. Insegura e cega de não sacar que a vida é simples - um foco de luz de teatro que você pode dominar, conquistar um espaço no tablado e sentir a adrenalina do aplauso. Um dia, por sei lá que movimento de cordas, guitarra ou piano, você apareceu na minha frente. Um mergulho no mar ? Sempre as palavras na frente da ação. Foi na Primavera do ano passado. O calor do encontro, o gosto, o balé, alguns sopros no meu peito, um Verão de febre alta . Um Natal podre e a tristeza do Carnaval. A beleza se foi. E eu sempre volto à janela para perceber o seu movimento felino. Nunca está onde direciono o olhar. Flutua em outros ares, edifícios, calçadas e ruas. A aflição de nunca mais te ver e perder as três belezas. Eu que não tenho mais medo de nada, ironia. Pode vir qualquer coisa, nóia, viaduto feio, arma de fogo , faca , política ou revolução. Quando chego à janela para olhar a noite vejo as tuas belezas e elas nunca chegarão ao fim. As estrêlas já estão mortas, mas as belezas do sentido não. Este encanto ficará, no mapa estelar dos meus olhos. A cada sim da vida. A cada não. Prosseguirão no Tempo Oriental e Ocidental. Belezas que pairam acima do clima de pré apocalipse, do choro solitário , da aflição , dos remédios prá disfarçar a tristeza ,da poluição, dos enganos , das filas e congestionamentos, das agressões , da multidão toda errada e bovina , das tempestades de granizo , das mazelas do fim de ano, do Dezembro desprezível dos shoppings.As três belezas aqui ficarão e você com elas, em silêncio na janela. ( Meu caderno, as três belezas )
Em tempo real: Lua Cheia em Áries ( bem notado na política ) e umas estrelinhas minguadas no céu.
Sol entrou em Libra.
* Escrevi de bate pronto e agora revisei.
Preciso voltar prá escola:vogais, consoantes e pontuação.
* Imagem via Bear
| Por Prensada
| quinta-feira, 23 de setembro de 2010 | 23:15.
Quase uma escrava perene das coisas que não conseguia dominar. Insegura e cega de não sacar que a vida é simples - um foco de luz de teatro que você pode dominar, conquistar um espaço no tablado e sentir a adrenalina do aplauso. Um dia, por sei lá que movimento de cordas, guitarra ou piano, você apareceu na minha frente. Um mergulho no mar ? Sempre as palavras na frente da ação. Foi na Primavera do ano passado. O calor do encontro, o gosto, o balé, alguns sopros no meu peito, um Verão de febre alta . Um Natal podre e a tristeza do Carnaval. A beleza se foi. E eu sempre volto à janela para perceber o seu movimento felino. Nunca está onde direciono o olhar. Flutua em outros ares, edifícios, calçadas e ruas. A aflição de nunca mais te ver e perder as três belezas. Eu que não tenho mais medo de nada, ironia. Pode vir qualquer coisa, nóia, viaduto feio, arma de fogo , faca , política ou revolução. Quando chego à janela para olhar a noite vejo as tuas belezas e elas nunca chegarão ao fim. As estrêlas já estão mortas, mas as belezas do sentido não. Este encanto ficará, no mapa estelar dos meus olhos. A cada sim da vida. A cada não. Prosseguirão no Tempo Oriental e Ocidental. Belezas que pairam acima do clima de pré apocalipse, do choro solitário , da aflição , dos remédios prá disfarçar a tristeza ,da poluição, dos enganos , das filas e congestionamentos, das agressões , da multidão toda errada e bovina , das tempestades de granizo , das mazelas do fim de ano, do Dezembro desprezível dos shoppings.As três belezas aqui ficarão e você com elas, em silêncio na janela. ( Meu caderno, as três belezas )
Em tempo real: Lua Cheia em Áries ( bem notado na política ) e umas estrelinhas minguadas no céu.
Sol entrou em Libra.
* Escrevi de bate pronto e agora revisei.
Preciso voltar prá escola:vogais, consoantes e pontuação.
* Imagem via Bear
Marcadores: Meu querido diário - As belezas do caderno T