Ah, o universo é inóspito e brutal, e nós tentamos povoá-lo com nossos afetos.
Já li isso em algum almanaque do Biotônico Fontoura.

A Abelha Mestra ri da minha ex-juventude. Ah, tanto pólen derramado.
Viajei  pelas estradas, praias e oceano aberto. Construí e destruí.
Toquei fogo numa casa e no amor.
Levantei vôo, cantei uma canção, soprei no vento feito cigano.
Não virei  um viajante imóvel. Mudei de cidade e paisagem.
Surfei nas ondas , verti sangue e briguei na esquina feito homem.
De repente, um buraco imenso no meio da mata, lá para os lados do bosque dos pinheiros.
Animal de pena de bico forte me alça e levanta da queda.

Vá adiante, aqui você tem toda a visão. Aprecie o panorama.
Viva aqui ou mais adiante, onde não podemos tocar.
Entre-mundos.
Não desperdice o tempo.
Aquela poesia berrada no microfone no meio da bebedeira.
Insônia pela excitação de sair do labirinto. Megulho nas tintas.
Cenas da vida de minotauro. Taurina, rosto esmagado pela vida.

A Mestra Coruja cheira a terra, folhagens.
Silêncio e quietude. De repente, relâmpagos e da chuva torrencial.
Durmo de olhos abertos,
abro o livro do Pássaro Noturno.

* Imagem by Susan Jamison via The Owl hooteth

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| Por Prensada | sexta-feira, 8 de outubro de 2010 | 09:42.