A vida da janela,
apenas a respiração e a música elegante.
Daqui do alto,
não ouço pássaros,
só um alarme, uma gritaria.
O  barulho da Maria Antonia dos estudantes.
Nenhuma poesia, nenhuma salvação.
Uma sirene que leva um corpo.
Morte e vida, um tremor.
Chegaremos lá de qualquer jeito.

Na janela fabrico enredos estranhos,
pessoas que eu gosto desfilam seus rostos -
sem opressão ou angústia.
Nenhuma urgência de nada.
A aflição da pressa é na rua: o teatro sem ensaio.
Café na esquina, cachorros vadios.
De longe amo todo mundo.
O mundo aos meus pés, sensação estranha:
hoje sou Rainha, beije meu anel.

* Imagem via LOLITA

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| Por Prensada | quarta-feira, 10 de novembro de 2010 | 10:23.