Meu Noel  foi antecipado este ano.
Ele  foi generoso.Ganhei muitos presentes.
Minha lista boa-branca-limpa está comprida.
Por outro lado, o rol  das ruindades  ficou curtinho.
E muito espantada ,percebo que minha raiva ancestral
[ aquele de sacar a espada e sair pra batalha ]
continua onde está, mas agora luto sem medo.
O medo não permite que você vença.
Ruim é uma palavra que lembra crise renal.
Ganhei até um irmão de verdade.
[ História de família muito dramática ]

Conquistei a impressão que posso escrever como
se estivesse coçando meu braço.
Estou transbordando.
A poesia é diferente de contar histórias -
ela não se mistura  com enredos e personagens.
A poesia caminha só, é uma arte estranha,
como a música.
A poesia faz o ritmo.
Nunca sei a rota , o caminho é feito por mar,
pela linfa, pelo sangue, pelo pulsar do coração
que está envelhecendo.
Sou a herdeira de mim mesma.
Se  eu preferir  destruir o Castelo derrubo num gesto -
ou então, ergo um novo Palácio brilhante.

Quando o mundo parece no fim, eu mudo tudo.
Desamparo e solidão estão sempre entranhados no DNA humano.
E posso acolher a solidão nos meus braços então.
E posso beijar o desamparo com sofreguidão.
E posso transformar a raiva e não contaminar o sangue.
Eu sinto que há coisas na vida melhores
que tentar cortar os pulsos.
Desatei a minha corda do pescoço.
Não desisto de viver cada minuito dolorido
ou alegre.
Conquistei uma liberdade que
vai de sampavelox até os confins do Universo.
Sou a herdeira de mim mesmo.
Ah, essa liberdade...minha vida !
Encho o copo e bebo -  felicidade não existe.
Tem alegria em alguns dias, em outros, vamos sofrendo.
Natal, Carnaval , o caraleo...
Não quero mais do que tenho.

*  Imagem via  Bear,  coruja belezinha*

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| Por Prensada | quinta-feira, 23 de dezembro de 2010 | 11:44.