Ai que vontade de Lisboa, Dorian !



Silêncio do Tejo nos meus olhos,
um desatino de navegação, ode marítima
ai como tudo arde aqui, queima
mal consigo ler,
linhas do livro flutuam e partem, insone.
Fernando Pessoa  aquele Louco ;
navegador dos Signos -
Deus dos seus poetas-fantasmas.
Tarot de poesia.
Fernando matava Alberto  Caeiro, matava Álvaro,
matava Ricardo.
Na rua Garret , sentava no café  e escrevia longas cartas para Sá-Carneiro em Paris.
Tratados de alquimia e tarot.
Matava-se por inteiro para ser muitos.

O mundo exterior existe como um actor num palco:
está lá  mas é outra coisa;

Paralelo do navegador que chega ao cais do porto;
Fernado nunca aportava de fato -
vivia nas calçadas, andarilho da cidade,
dos azulejos e fachadas manuelinas
Comia  na A Tendinha, trocava os chapéus na
Chapelaria Azevedo Rua;
parava na Pastelaria Suíça.
Fernando ia ao cinema.
Bebia muito vinho  e fumava devagar.
Sem par.

Fernando era sem par no Universo.


* Imagem  via I Love My Leica

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| Por Prensada | sábado, 12 de fevereiro de 2011 | 12:24.