Ai que vontade de Lisboa, Dorian !
Silêncio do Tejo nos meus olhos,
um desatino de navegação, ode marítima
ai como tudo arde aqui, queima
mal consigo ler,
linhas do livro flutuam e partem, insone.
Fernando Pessoa aquele Louco ;
navegador dos Signos -
Deus dos seus poetas-fantasmas.
Tarot de poesia.
Fernando matava Alberto Caeiro, matava Álvaro,
matava Ricardo.
Na rua Garret , sentava no café e escrevia longas cartas para Sá-Carneiro em Paris.
Tratados de alquimia e tarot.
Matava-se por inteiro para ser muitos.
O mundo exterior existe como um actor num palco:
está lá mas é outra coisa;
Paralelo do navegador que chega ao cais do porto;
Fernado nunca aportava de fato -
vivia nas calçadas, andarilho da cidade,
dos azulejos e fachadas manuelinas
Comia na A Tendinha, trocava os chapéus na
Chapelaria Azevedo Rua;
parava na Pastelaria Suíça.
Fernando ia ao cinema.
Bebia muito vinho e fumava devagar.
Sem par.
Fernando era sem par no Universo.
* Imagem via I Love My Leica
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