Quem sabe volta a inspiração.

Eu sei que inspiração não existe -
é ficção.
Só um bocado de transpiração,
frases soltas que vão se atando, bordado
feito em tecido de artesão,
ou naquela seda de tentar virar filósofo idiota.
Que nada, não sei de nada e continuo deletando tudo que
não me provoca simpatia quase amor.
E a Marginal Pinheiros entupida de carros
e trafego agora por camihos que nunca pensei passar.

Um ingenuidade:
mas sinto que só tenho dentro da bolsa,
o celular maluco e vinte palavras  para uso externo.

[ Ai, que mundo mais fútil...]

Sim, não, depende,
não sei, sei , tô atrasada,
cansada , livro prá carregar
almoço deluxe, banheiros de loja
shoppings e cinemas
espelhos que vem e vão
trepida e assusta na hora que cai
na rua da Consolação
Não quero, quero, com adoçante.
Tudo tão diferente e chato que levo um susto.
Solidão de encruzilhada.
Ainda bem que me dou bem na noite,
bem confortável mesmo.

 Ana C.
Enquanto leio meus seios estão a descoberto.
É difícil concentrar-me ao ver seus bicos.
Então rabisco as folhas deste
álbum. Poética quebrada pelo meio.

Tenho pessoas ao redor
mas não há companhia
de facto. Escrevi essa bobagem no caderninho.
Me assusto com tanta aridez e chatice que
abro o Guia de Portugal.

Ah,  Portugal e outras terras,
vamos nos lançar ao mar
e navegar , orgulhosos e desafiadores -
Nem tudo é naufrágio, meu caro.
Já estou lendo o Manual do Prático
para virar marinheiro de primeira classe.


* Imagem via  DER TERRORIST

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| Por Prensada | segunda-feira, 21 de março de 2011 | 13:07.