Tem muita gente, mais muita gente aqui em Sampavelox. Tem muita, mais muita gente na China, e na Índia também. Você não consegue andar na 25 de Março e no passeio do Chiado. Falam no celular e comem ao mesmo tempo. Mastigam um naco daquele hot-dog ensebado com coca-zero. E falam sem parar. Gente que não acaba mais, apesar dos milhares que morrem à míngua ou de bala de revolver. Tem multidões em México City e no Sri Lanka. E o que você faz diante disso ? Ora, eu escuto aqui a conversa. Um falatório só, aquele ruído interminável.
O que falam os patrícios de Lisboa ? O que falam os africanos lá de Angola ? Ainda se eu falasse todas as línguas do mundo, não saberia o que esses caras falam. São João às avessas. Falam de tudo e de todos. Naquela Babel ordinária. Só ficam mudos diante da tv. Seria melhor , nesse momento solene, ser engolida pela baleia como Jonas.
Quem quer ficar boiando nesse oceano de inutilidades e cremes hidratantes ?
Eles que vivam com mapas de orientação e roteiros previamente traçados.
Julgamento e controle. Controle e julgamento. E olham prá você com espanto e impaciência.
O silêncio parece estranho, o que vale é essa verborragia cretina: falam, julgam, decretam e expelem. E rezam naquelas cerimônias patéticas para inglês ver. Só controle e pecado.
Quantas igrejas tem no céu ? Quantos bancos e escolas ?

Quando o que você mais queria era estar como os ciganos, longe dos olhos da lei.
Escolher entre a mata e o oceano, me reconciliar com todos e cantar no fim do dia.


* Christine Lindstrom , painting oil

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| Por Prensada | domingo, 2 de novembro de 2008 | 14:06.