Não vai ser surpresa nenhuma se Kate Winslet ganhar o Oscar deste ano.
Ela está em cartaz no cinema em dois filmes acima da média, apesar de alguns furos de roteiro em ambos.
Revolutionary Road ( Apenas um Sonho ) e The Reader ( O Leitor ).
O Leitor, filme de Stephen Daldry , o mesmo diretor de Billy Elliot, As Horas e Desejo e Reparação é realizado por um expert em adaptações de livros bons.
O Leitor me pegou por causa das inúmeras referências literárias. Imagine que começa com o garoto lendo a Odisséia para a sua amante...rs* e tem uma fotografia estupenda. E narra uma história de amor peculiar: um jovem de 15 anos se apaixona por uma mulher mais velha ( 36 anos ). A história começa em 1958 e Kate está fabulosa na pele da solitária e atormentada Hanna Schimitz.
O filme me pegou pela literatura que vai de Homero , Kafka até Tchecov ( com o seu famoso conto A Dama e o Cachorrinho ). O que mais me encantou e deixou arrepiada foi a profundidade do trato com um relacionamento sexual e amoroso entre um jovem em idade escolar e aquela mulher que vive num cubículo tosco. Mostra a paixão avassaladora de Michael por Hanna. Ele é o leitor , o personagem central dessa hisória triste e perturbadora. E o garoto, depois homem maduro e advogado ( Ralph Fiennes ), consegue guardar esse segredo e essa paixão durante trinta anos.
No segundo ato, o roteiro mistura o amor com a vida de Hanna e seu emprego durante a guerra: era guarda de um campo de concentração de Auschwitz.
E o filme ainda aborda o nazismo e suas cicatrizes ainda tão doloridas. Que história de amor poderia seguir adiante com a revelação das atrocidades dos campos de concentração durante um julgamento. Hanna vai a julgamento e mergulhamos na reflexão do papel dos alemães , do povo comum , durante a época da Segunda Guerra. Será que todos tinham consciência do que acontecia nesses campos ? Não haveria muita hipocrisia em condenar meia dúzia de guardas de campo de concentração quando na verdade haveriam milhares de "colaboradores" anonimos que não foram julgados ?
Ou sabiam que ocorria alguma coisa estranha e não tomavam partido ?
Em alguns momentos eu perdi o ar e sofri muito com todo o drama de Hanna, da sua simplicidade e de seu outro drama ( era analfabeta ) .
De doer mesmo !
O ator David Kross é uma revelação. Lindo e apaixonado por literatura, durante todos aqueles anos auxiliou Hanna no seu drama e na sua maior paixão, os livros.
Imperdível.
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