Tudo está como sempre aqui.
Minha garganta está seca e emperrada. Goles de água a toda hora. Poluição, ar empesteado e olhos ardendo. São Paulo no sistema circulatório é meio caminho para morte acelerada. Provavelmente morrerei antes da hora. Escolhi essa doideira para viver , então, tô pagando para ver. Pata engasopada em Sampavelox. Tem seus encantos de cidade-cultural & muderna, mas essa mega-lixeira a céu aberto é tão fedorenta que as vezes é bom sumir daqui.
Pegar uma estrada bem longa prá respirar ar puro.
Tem razão quem falou que o céu de Minas é diferente. O céu fica mais intenso porque o ar é limpo e sem veneno. Minas Geraes é clara em certas curvas e depois de alguns minutos de serra, desabamos no mistério das pedras empilhadas. E aí , Minas fica melancólica. Minas tem caminhos densos. Montanhas de ferro.
A serra da Mantiqueira, cor de sangue, verde e ocre. Sangue que corria naqueles veios de ouro.
A angústia das montanhas, a luta interna das minas e o suor na fronte do matuto.
Uma história pesada e cruel. A sangria portuguesa e as lutas de morte.
O rio sobre o córrego do Desterro, a curva que vai parar numa pedra e numa trilha de terra batida.
Como o poema de Drummond, de várias pedras pelo caminho.
De repente, porém, surge uma pequena igrejinha com sua torre singela, escondidinha por trás de algumas árvores.
Uma torre que aponta para o lirismo colonial e silêncio profundo.
Tem que ter coração bom para andar por aqui
e saber rezar a Ave Maria na hora do Angelus.
* Imagem via darkpassanger
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