A cadeira na terapia é confortável e estofada. Senti frio quando entrei na sala, eu que vinha da rua ensolarada. A terapeuta toda de vermelho e casaco de lã. E tudo foi breve como Lacan. Eu não estava verborrágica e animada, como das outras vezes. E num momento , meia-hora depois encerrei a conversa com um por hoje tá bom !
Uma patife fugindo do duelo. Sempre gostei de filmes de cowboy, mas hoje fugi para as montanhas do conforto e do silêncio.
Acho que estou no ponto do jogo do xadrez, quando o oponente dá o xeque-mate.
Preciso desvendar o lance, escolher a melhor saída ou sucumbir a realidade.
Será que já me joguei de verdade em alguma situação com raça e tesão ?
Ou sou aquele ponto frouxo do tricô ?
Será que sou uma mentira deslavada ?
Será que consigo escrever até o fim desse bloco branco ?
* Imagem, ilustração Jon Foster via Kagami
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