Deve ser essa coisa de eclipse total.
No calendário eu vi que tinha uma efeméride interplanetária.
Estamos em julho e a coisa anda tão esquisita,
prá não dizer estranha ,
que receio nomeá-la.
Não há nome, palavra e definição
prá essa sensação.
Um borrão no papel.
Mentiras ? Jogos de sedução ?
Falta de grana, assassinatos estúpidos e a tolice da tv.

Deve ser essa coisa de eclipse total.
Ar parado, poluição e frio.
Ninguém mais aceita doação.
Preferem comprar aquelas tranqueiras em vinte vezes nas casas bahia.
Masturbam-se dentro do metrô com aqueles celulares de toque,
uma merdinha prá ficar vendo a foto da filhinha com cara de sapo.

Deve ser essa coisa de eclipse total.
Todo mundo com cara de cú, gel no cabelo e celular com foto da filha
que nasceu no descuido. Montes de fotos chatérrimas prá mostrar
no trampo. Tédio. É melhor ler Augusto dos Anjos ou Baudelaire.
Manoel de Barros ou Barthes.
Pelo menos com eles, tomamos na veia.


Vão todos prá aquele lugar que eu nem sei onde é,
acho que vão cair no limbo do tédio:
no fim da linha lá no Jabaquara.
E aí, o trem retorna , naquele vai e vem de matar.

Eclipse total.





* Imagem via Kagami






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| Por Prensada | domingo, 26 de julho de 2009 | 16:00.