* clique na guerreira



Escrever em fluxo contínuo. É quase um épico que estou narrando.
Carrego na dramaticidade porque o sonho é meu.
Valquírias, seres do patamar dos deuses,
melancia vermelha e doce.
Está muito calor .

Mas sei escrever para teu encanto, em várias linguagens.
Posso escrever a todo momento, e não precisar seguir a engrenagem do tempo.
É um fluxo vertigininoso. Mas, as vezes, eu paro e pouso o olhar num objeto
ou em algum lembrança e pronto.
Vou para o diário-agenda que carrego no peito.
E boto com uma letra super estranha -
( só eu sei o que escrevo ) .

E feito uma louca, escrevo frases soltas
enquanto percorro as distâncias de ônibus.
Metrô fodido de abafado.
Posso parar de escrever esse bilhete convulso, ansioso até -
na hora do café e do suco gelado na esquina da rua Sete de Abril.
Sou muito trash mesmo
Só ando em bocada. Risos.
Posso escrever em caráter jornalístico,
como quem escreve uma nota no UOL.
Posso escrever que ... tô.tão.perto.que.posso.tocá-la
Twitado.

Melhor voltar pro corpo *

Dou um salto de estilo, e vou para o dramático italiano, a poesia grega,
o bardo medieval.
O mestre de cerimônias, fundador do amor romântico.
Alquimistas e astrólogos também escreviam de trás prá frente.
Espelhos e letras de copistas.
Queriam dizer que amar é fodido de bom
- por certo angustiante e maluco -
promove grandes textos, poesia, filmes , palestras e suicídios.

Entre as tabernas e os atuais botecos mil anos vos sacodem a alma.
Quanto papel e caneta gastos.
Prá que poesia de amor ?
Torres Gêmeas e o terror mudou o Eixo da Terra.
O poeta já cansado de tanto ódio -
escreveu com fé nos muros calcinados
da Praça Roosevelt
( e todo o horror se dissolveu )

Vamos partir , amor
subir e descer rios
caminhar nos caminhos

Amar como feras

Hilda Hilst



* Imagem Ilustração - bela demais - Arthur Rackham

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| Por Prensada | terça-feira, 23 de fevereiro de 2010 | 22:34.