Ontem, o tempo virou, vento e chuva miúda.
Depois de alguns dias de sol de outono,
aproveitei para trabalhar na casa.
Na primavera, arrumei o barco.
No verão não fiz nada como a cigarra da fábula,
aproveitei para lagartear , nadei muito , desenhei e pintei.
Descobri algumas grutas subterrâneas fantásticas.
Mas a beleza por aqui é inumerável.
O céu no esplendor do outono é deslumbrante.
A luz que penetra pelas janelas é de outro tipo,
recorta os rochedos e tudo brilha como cristal.
Tudo parece um sonho.
Nem sei como vim parar aqui nesta natureza viva,
pequenas praias e colinas recortadas,
fundos de areia rosadas e peixes, anêmonas e
tartarugas.
O inverno não atrasou desta vez.
Tenho que manter a casa de madeira intacta e segura;
estou vivendo à beira do oceano.
Não há identificação ou número na porta, como escreveu o poeta chileno.
Aqui todos se conhecem pelos barcos.
Inverno !
Chove e venta muito nesses dias. Mas não me importo.
As gaivotas e albatrozes dão rasantes,
saúdam com gritos a entrada dos barcos
e as cestas de restos de peixes.
Cagam em cima da sua cabeça, se você não estiver de gorro ou chapéu.
Já vi diversos ninhos e ovos quebrados pelo chão.
Elas chocam por aqui e voam por toda a costa quando criam asas.
Inverno.
A casa é muito simples, de madeira e arrumo os velhos caixilhos,
lixo e envernizo quando o tempo está bom.
Felicidade absurda.
O velho marinheiro disse que o inverno é para as mulheres,
elas ficam quietas , à beira da lareira, tricotando mantas e cachecóis.
Eu tenho garrafas de vinho, copos de cobre e charutos
Fogo na lareira e silêncio.
Lavei toda a roupa e sequei na quentura do sol que ardia forte no domingo.
Neste clima temperado o tempo é inconstante.
A madeira range e preciso de mais calefação.
Dou graças a Deus que sei ler, tenho livros velhos,
mapas e desenhos da flora e fauna da região.
Um velho rádio em ondas-curtas, preenche o ar de música à noite.
Não ficarei só.
O oceano abriga o seu Rei, sereias e seres aquáticos gigantes
e pequeninos,
e um súdito atônito espia a tarde diante da janela.
* Imagem ilustração via ArtCanada
Depois de alguns dias de sol de outono,
aproveitei para trabalhar na casa.
Na primavera, arrumei o barco.
No verão não fiz nada como a cigarra da fábula,
aproveitei para lagartear , nadei muito , desenhei e pintei.
Descobri algumas grutas subterrâneas fantásticas.
Mas a beleza por aqui é inumerável.
O céu no esplendor do outono é deslumbrante.
A luz que penetra pelas janelas é de outro tipo,
recorta os rochedos e tudo brilha como cristal.
Tudo parece um sonho.
Nem sei como vim parar aqui nesta natureza viva,
pequenas praias e colinas recortadas,
fundos de areia rosadas e peixes, anêmonas e
tartarugas.
O inverno não atrasou desta vez.
Tenho que manter a casa de madeira intacta e segura;
estou vivendo à beira do oceano.
Não há identificação ou número na porta, como escreveu o poeta chileno.
Aqui todos se conhecem pelos barcos.
Inverno !
Chove e venta muito nesses dias. Mas não me importo.
As gaivotas e albatrozes dão rasantes,
saúdam com gritos a entrada dos barcos
e as cestas de restos de peixes.
Cagam em cima da sua cabeça, se você não estiver de gorro ou chapéu.
Já vi diversos ninhos e ovos quebrados pelo chão.
Elas chocam por aqui e voam por toda a costa quando criam asas.
Inverno.
A casa é muito simples, de madeira e arrumo os velhos caixilhos,
lixo e envernizo quando o tempo está bom.
Felicidade absurda.
O velho marinheiro disse que o inverno é para as mulheres,
elas ficam quietas , à beira da lareira, tricotando mantas e cachecóis.
Eu tenho garrafas de vinho, copos de cobre e charutos
Fogo na lareira e silêncio.
Lavei toda a roupa e sequei na quentura do sol que ardia forte no domingo.
Neste clima temperado o tempo é inconstante.
A madeira range e preciso de mais calefação.
Dou graças a Deus que sei ler, tenho livros velhos,
mapas e desenhos da flora e fauna da região.
Um velho rádio em ondas-curtas, preenche o ar de música à noite.
Não ficarei só.
O oceano abriga o seu Rei, sereias e seres aquáticos gigantes
e pequeninos,
e um súdito atônito espia a tarde diante da janela.
* Imagem ilustração via ArtCanada
Marcadores: Meu querido diário - Mais um inverno pertinho do mar