Com todos os seus olhos, a criatura vê o Aberto.
Nosso olhar, porém , foi revertido e como armadilha
se oculta em torno do livre caminho.
O que está além, pressentimos apenas
na expressão do animal; pois desde a infância
desviamos o olhar para trás e o espaço livre perdemos,
ah , esse espaço profundo que há na face do animal.
Isento de morte. Nós só vemos a morte.
O animal espontâneo ultrapassou seu fim;
diante de si tem apenas Deus e quando se move
é para a eternidade, como correm as fontes.
Ignoramos o que é contemplar um dia,
somente um dia de espaço puro, onde, sem cessar,
as flores desabrocham.   ( ...)


* Elegias de Duíno, Oitava Elegia , Rainer M. Rilke


* Imagem via   Lilly of  the Valley  -  Anna Adén photography

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| Por Prensada | segunda-feira, 27 de setembro de 2010 | 11:02.