Palavra dura.Quase de pedra, como um monolito à beira do oceano.
Cabo do Esquecimento.
Acabei de batizar este ponto em que me encontro, mas a bandeira está aos farrapos.
Esquecer da terra, do porto, da paixão.
Faço uma pequena mala e parto. Esquecimento é uma oração profana, livre de muitas reflexões, um abandono.  Esquecer é morrer e viver três vezes. Livre de rimas, ritmos, voa por aí. Esquecer é com os pequenos pássaros que se cruzam no ar e seguem em diversas direções. Esquecer para o Norte, para o Sul, para o Círculo Polar. Esquecer é gelado.
O vento leva o esquecimento, o esquecimento também pode ser vermelho, como o  copo de bloody mary.
O esquecimento é pálido, como o meu rosto hoje pela manhã.
Esquecer além da morte é música e é benéfico.
Como uma profecia dos deuses: só eles podem sepultar o esquecimento.
Tenho toda a liberdade do mundo para lembrar do esquecimento.
Vou na direção do meu maior medo e cresço.
Portanto, esqueço.

Referências:
* Sonetos Completos de Shakespeare  -  bilingue -  Ed. Landmark
* Federico Garcia Lorca -  Poemas -   bilingue
* Amos Oz  -   A Caixa Preta   ( ducaraleo )
* O Diabo e Outras Histórias  -  Leon Tolstói   ( ducaraleo)
* Zazie no Metrô  -  Raymond Queneau

* Imagem Ilustração* linda *by  Ruel Pascal  via  CG Unit

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| Por Prensada | sábado, 9 de outubro de 2010 | 11:11.