[tenho a impressão que estou sempre sendo seguida por alguns ciganos]
Chuva de meteoros de bom tamanho no próximo fim de semana.
O espaço perto da Terra será cercado por bólidos quentes durante 48 horas.
Parece alguma coisa hardware.
"Houve tempo em que éramos julgados, em parte, pela capacidade
de interagir com nossos companheiros de espécie biológica;
hoje celebramos esses esquisitões gênios como Mark Zuckerberg.
O mundo em que a presença física está sendo abolida,
e o olhar nos olhos é uma forma de assédio;
Não saber se expressar é Charme hoje e o autismo verbal é Virtude.
E esse impulso quase incontrolável de sacar a câmera digital ou celular
e fotografar as coisas mais cretinas.
Registram tudo e todos e não vivem nada."
[Registram a rabada com agrião da Dona Onça ! -
pitaco meu]
Nasci analógico e vivo emigrado no mundo digital
Não me refiro à tecnologia,que é legal, e sim à cultura
que despreza a palavra.
O mundo em que eu vivia ( e vivo ainda ) é anacrônico e antigo.
Um mundo de uma longa estante de livros não existe mais.
Um pensamento assustador." *
[Hematoma grande no braço esquerdo]
Era para pintar a porta da cozinha de uma cor
e acabou em outra. Insegura e tonta.
As pastilhas do parapeito despencaram
nos anos 60. Vão ser repostas sei lá quando.
Quero mais cheiro de verniz, a junkie.
Embarco, vou ao mar, o ar é úmido
avanço , saindo, entrando, recolhendo cordas
olhando a vista possível daqui
sonhando também um pouco
ainda que restem detalhes
tantos portos e embarcadouros
um bom mapa e comunicação instantânea ( ? ).
Cansaço dessas merdas da cidade.
Tá todo mundo com medo do coração arrebentar em dois pedaços
nessa terra da desolação tuitada.
Avançamos com gosto de café sem açúcar na boca.
Muita dor :
descobri que fico com voz grossa quando fico puta.
Bagunça na cozinha:
o último a sair foi o Capitão,
que levou na mão a mochila da garota.
Despediram-se com um abraço com três
camadas de lã e casaco,
e um beijo no rosto.
E foi assim que terminou a história.
Sem promessas, choro convulsivo ou tapas na cara.
Terra firme enlouquece !, berrava eu -
recolhendo a âncora,
querendo mar aberto.
* Imagem deliciosa de sampavelox by kassá,
Marcha das Vadias
* Trechos da entrevista ao Estadão, na coluna de Lúcia Guimarães,
do escritor russo-americano Gary Shteyngart.
Seu livro, Uma História de Amor Real e Supertriste ,
já está nas livrarias.
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