Lembrei daquele filme antigo que assisti dezenas de vezes quando vi as primeiras imagens do terremoto nesse distrito italiano. Áquila é um sítio medieval , com castelos e construções que foram cenário de alguns filmes como esse da lenda do Príncipe de Áquila. Do lobo ( a mulher ) e o falcão ( o homem ) que se amavam mas foram condenados a nunca se tocarem. Hiper-romântico e bonito. Rutger Hauer e Michelle Pfeiffer. E ainda tinha Matthew Broderick, em início de carreira, num personagem hilariante, um ladrãozinho amador batizado de Rato.

Também rodaram naqueles recantos, O Nome da Rosa.
Aquele filme que proibia do riso no mosteiro sisudo.
A natureza é criação intensa, sementes atiradas à esmo,
luta pela sobrevivência e
o homem me parece um esboço mal traçado diante desses desastres.

Quando olhei as fotos e os escombros de Áquila , meu coração disparou
e me senti indefesa diante de tanta brutalidade.
Fazer soar bonito um terremoto dessa magnitude só pode ser loucura.
E que poema pode ser retirado da destruição e da morte ?

O terremoto ocorre onde quer: ele não avisa e não manda recados.
Parece aquele deus bíblico que vai onde quiser.
Apenas ouvimos alguns estalos da terra e o tremor , como se a terra resolvesse
por algum motivo mudar de lugar.
E depois , o estrondo da queda e os gritos das vítimas.

Primeiro tapo os ouvidos com ambas as mãos,
para não ouvir os gritos de Áquila.
Corro para as montanhas perenes como o lobo
que se refugia no dia, diante dos caçadores ;
Avisto o falcão, que completa seu vôo derradeiro
no fim da tarde.
Falcão e lobo: estão diante de mim
e num relâmpago tornam-se homem e mulher.
No meio da dor e da morte de Áquila,
amam-se.

Marcadores:

| Por Prensada | terça-feira, 7 de abril de 2009 | 22:48.