Estou com muita raiva no peito, confesso. Tanta raiva que comeria você viva. Esfolaria teu rosto com sete riscos de estilete e arrancaria seus belos olhos e os jogaria sem dó do alto do viaduto.
De cima do Minhocão ,eu veria seus olhos espatifados e sangrando no asfalto. Como conheço a arte de desarticular um cadáver, seria muito fácil desmembrá-la e distribuir seus pedaços em vários sacos de lixo. Depois , eu os lançaria por aí, porque em São Paulo o que não falta é saco de lixo jogado pelas calçadas.
Nunca mais te veria. Não ouviria mais tua voz suave.





Não sou tua mãe.
Não sou tua mãe.
Não sou tua mãe.
Não sou tua mãe.
Nunca fui mãe nessa vida.
Nem fui sua amante. Daquelas que a gente vira do avesso de paixão.
Nunca fui sua amante, por mais rosas, perfumes e bibelõs que você me empurrasse.


Fui sua enfermeira nas horas de crise: insônia, desespero , choro e o escambau.
Um dia você quis morrer, lembra ?
Gastei palavras, um dicionário inteiro. Eu achava que podia te salvar.
Eu, o Exército da Salvação !
Não fui nada sua: só cheguei na hora do incêndio e fiquei prá passear nos escombros.
A bombeira amorosa.
Não fui nada sua. Fui mais uma maluquice da tua cabeça cheia de ilusões.

Não te dou mais meus peitos prá você mamar.


The end.






* Rafael Sanzio ( Raffaello Sanzio ), detalhe da tela La Fornarina *,
que é deslumbrante !

* Rafael Sanzio é um dos meus favoritos

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| Por Prensada | domingo, 12 de julho de 2009 | 13:22.