O sonho era um ritual pelo fogo.
Eu ia queimar um montão de coisas que não suporto mais e que deixaram meu coração doente.
O lugar era um jardim, com sol e muitas plantas. Vi até uma joaninha voando. Fiquei recolhida escrevendo e rabiscando num papel com um lápis. Escrevi tudo o que não gostei na minha vida. Não prá isso, não prá aquilo. Fim de alguns episódios ridículos e lamentáveis.
Ia escrevendo l e n t a m e n t e. Não quero mais isso, não quero mais aquilo.
Joguei fora tudo que me torturou, agridiu, me causou mágoa e dor absurda.
O ritual continuou quando chegou uma mulher com um vestido longo preto, com dois colares cruzando seu corpo. Tinha uma capa negra e apresentou-se como bruxa. Entrei no seu espaço encantado, que tinha música alta e senti cheiro de mata fechada.
Incenso fortíssimo.
Fiquei no meio de diversas ervas e ela começou a fazer alguns ruídos estranhos, de animais e rezava numa língua que eu não conseguia entender.
Estava me purificando antes de entrar no fogo.
Eu sentia que minha alma corria por uma mata e entrei num triângulo formado por velas e ela me colocou nas mãos aromas e pediu para que o fogo levasse todas as minhas dores e tudo o que escrevi naquele papel. Gritou meu nome três vezes.E eu entrei em transe.
Uma mata fechada , uma trilha e aqueles ruídos de vento e mato . Cheguei junto a uma fogueira e lá joguei aquele papel escrito. Demorou muito para incinerar e virar cinza. A bruxa ria para mim e tomou uma das minhas mãos. Sorria e estava feliz. Vi numa tijela as cinzas do papel.
Eu senti vontade de chorar .
Ela pediu para que eu repetisse meu nome de batismo.
E eu gritei muito alto meu nome.
Acordei com cheiro de incenso grudado na roupa de dormir e com perfume nas mãos.
Lembrei da joaninha caminhando no vaso de plantas e seu vôo ligeiro.
Imagem via amazing photos
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