Não quero falar sobre a morte.
Mas aconteceu e pegou forte aqui , quando li nos blogs de literatura
e no Estadão.
Eu acompanhava o blog há muito tempo.
E ficava pasma com a sua lucidez e desenvoltura.
A literatura , a esquizofrenia e o TOC vieram juntas aos 23 anos.
Rodrigo escreveu ficção sem parar. Poesias curtas, rabiscadas
em qualquer papel, publicou na internet, no seu blog
e em revistas eletrônicas.
Escrevia na revista eletronica Escritoras Suicidas com o pseudônimo de Romina Conti.

Editou seu primeiro livro em prosa, Todos os Cachorros São Azuis ( Editora 7 Letras )
no ano passado.
Foi um dos 50 finalistas do Prêmio de Literatura Portugal Telecom,
ao lado de nomes como José Saramago, Manoel de Barros e Milton Hatoum.
O romance, quase uma autobiografia, é uma imersão no mundo da esquizofrenia.
Rodrigo morreu aos 43 anos, de ataque cardíaco, amarrado numa clínica psiquiátrica
no Rio onde tinha pedido para ser internado uma semana antes, temendo um novo surto.

Escreveu para a família esse bilhete:

" Vocês sabem muito bem que a minha vida não foi fácil. Sofreram muito. Sofremos juntos. Sofremos nós. Eu gostei da vida e valeu a pena. (...) Tomara que exista eternidade. Nos meus livros. Na minha música. Nas minhas telas. Tomara que exista outra vida. Esta foi pequena prá mim. Está chegando a hora do programa terminar. Mickey Mouse vai partir. (...) Nunca tenham pena de mim. Nunca deixem que tenham pena de mim. Lutei. Luto sempre. Descumpem-me o mau humor. É que tudo cansa".

Quer cara mais lúcido que esse poeta ?
A família guarda em casa os originais de Tripolar, romance ainda inédito.


Rodrigo já está em Marte.
Escreverá liberto do escafandro da carne;
fará suas pinturas,
escreverá com todos os poros e células.
Good vibrations.




Tudo é pequeno/
a fama/
a lama /
o lince hipnotizado
a iguana
O que é grande/
é a arte/
há vida em marte.





* Gilbert & George , winter flowers
gosto prá caramba do trabalho desses caras*

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| Por Prensada | quarta-feira, 15 de julho de 2009 | 23:54.