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Minhas férias na Grécia deram frutos: uvas deliciosas, cerejas e pêssegos cor de laranja berrantes. Vinho de primeira em copo de cobre, azeite dos deuses e pão.
Aprendi a dormir e relaxar com velas. E não quero mais nada na vida.
Ler com velas e não sentir temor com as chamas bruxuleantes durante a noite.
Dificíl encontrar canetas, a minha estourou no fundo da bolsa.
Então escrevia com uma caneta tinteiro emprestada, muito antiga e papel cartão.
Lá do alto o olhar não esbarra em nada. Fica solto para voar por toda a região. Irradia a energia até o horizonte e prende-se no limiar dos pulmões. Você sente o vento constante e as pedras vibrando. Meteora. Lá consigo ouvir minhas outras vozes e tocar a infinitude.
(Não vê os prédios imundos, fios de eletricidade ampliando a nossa doença , destroços de gente no nosso Haiti e trânsito dos infernos, monóxido que te tira a potência. Broxa, sabia ? )
Lá do alto , você imagina que o princípio de tudo foi alí, perto das nuvens.
O cajado bateu no chão de granito de Meteora e fiat lux.
Uma solidão tremenda de pedras e preces.
Reverbera o eco do único sino do monastério. Vento e sinto.
Aqui há mais céu , nuvens e estrêlas do que em qualquer lugar.
E afinal o que é o céu neste instante?
Um teto de pedras brilhantes e um riscado de meteoros.
Se algo deve ser louvado é que Meteora saiu da Geografia
e entrou na minha circulação, na minha energia -
e tenho a impressão que lá vivo desde sempre.
Estava pensando nisso quando o vento soprou forte e apagou a vela.
* Imagem via nickdrake
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