Chove muito. Os olhos procuram o céu carregado
e um cinzento aterrador aproxima-se.
Algumas mãos levam guarda-chuvas como se fossem namorados.
Juras de amor sob chuva torrencial.
Caminhamos apressados e há o medo da força das águas.
Levo um livro como companhia, porque não há ninguém -
o guarda-chuva se rompeu em dois.
O som da trovoada é alto, o raio deve ter caído perto daqui -
e mesmo sabendo que haveria um barulhão, estremeci.
No céu tudo se move com o vento, e nem parece mais Verão.
Corri para um abrigo mais próximo - a marquise da Igreja.
Ouvi o padre que exortava o apóstolo Paulo, em carta a Timóteo:
" Combater o bom combate com fé."
Lá dentro , no altar, Jesus crucificado, naquele eterno padecimento.
As beatas rezando terço, um homem prostrado de joelhos,
e um puta cheiro de mofo.
Guardas-chuvas quebrados.
* Imagem via Infinitas Gracias, Purgatorio
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