Procuro um lar ou o mar
e só encontro lágrimas e desencontros.
Aqui não há mar - ou o mar está longe daqui -
nesse lugar irrespirável;
e acabei de chorar porque sinto muito.
E não tenho quase nada, só livros empoeirados.
Sinto tanto que me compadeço - e em silêncio,
choro de novo.

Não vejo nem ouço o cheiro do oceano
- o cheiro do mar está longe daqui.
Procuro um lar e por isso é que percorro
de cima para baixo uma rua infecta -
no meio de tantos apartamentos destruídos;
tombados por petardos mentais e lixo comum.

Que ser humano pode deixar restos obcenos no meio de uma sala de estar ?
Sala de estar do inferno.
Não , concluo
não é humano.
A placa da rua engana sempre.
Quero um oásis e nos atiram na cara uma pocilga.


Olho para dentro das janelas entretida,
sofás e luzes diáfanas da tv monótona;
tentando olhar mais fundo na penumbra
percebo aquela moça com o coração destroçado
que permance solitária e confortável ,
envolta num vaso fino -
um sopro e todas as pétalas podem cair , tombar.

E eu enlouqueço na dor e escrevo.
Enquanto isso, espero o corretor de imóveis.


* Imagem via Beautiful Portals

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| Por Prensada | segunda-feira, 14 de junho de 2010 | 19:52.