Muito curioso o relógio, o pêndulo das horas.
Quem inventou essa máquina ? Acho que foi por observação.
Um homem ficou flanando na Natureza
e de uma manhã radiosa surgia uma hora azul , fim do dia ;
e depois a noite profunda.
As horas passam.
Não tenho mais tempo.
Tempo.
Em franco declínio, não rimo com nada.
Não tenho mais nenhum minuto.
Segundos escorrem por aí, e eu fico olhando o relógio -
a janela e o céu poluído de sampavelox -
que no fim da tarde,
tingiu-se de diversos matizes do laranja
ao púrpura.

O tempo atinge o meu corpo por inteiro.
Muito tempo antes de existir a palavra tempo,
havia a palavra saudade.
Um filósofo católico, Tomás de Aquino, escreveu do tempo
e da saudade.
A saudade é uma dor que nasce no sentimento, no coração -
e que causa prazer ao ser sentida.
Considerada como a grande jóia e propriedade única da Língua Portuguesa
( uma bobagem )
Saudade é uma palavra que qualquer coração do Turcomenistão
até São Francisco conhece.
Os franceses fumam muito
quando bate saudade.
Os japoneses se encharcam de saquê e se matam com espadas afiadas.
Portugueses escrevem poesia e não tomam banho.
Os ingleses, bom , os ingleses tem The Smiths.

A saudade situa-se entre a melancolia e a esperança.
A saudade balança no pêndulo do tempo,
entre a perda do que já foi -
e a ausência do que não é.


* Imagem via Fuck Yeah, Yellow !

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| Por Prensada | sexta-feira, 25 de junho de 2010 | 21:09.