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Ontem , roubei de um vaso de jardim
um raminho de lavanda fresquinha
de uma pequena casa de esquina na Vila Mariana.
E fui passear com a florzinha.
Parecia uma louca no metrô, aproveitando aquele ar de Provence -
como se fosse a droga da moda. Lavanda.
Não sei descrever o Prazer com palavras.
De tirar o fôlego, talvez. Fôlego que já é pouco -
porque o ar tornou-se matéria sólida.
Tudo que é sólido desmancha no ar ?
Dúvido, só na alta literatura.
O ar, esse objeto invisível e fundamental
pode ser admirado em sampavelox -
naqueles horizontes funestos de fim de dia.

Eu mereço um beijo e um ramo de lavandas frescas,
e abelhas também. Abelhas são tão moças.
Abelhas são moças,
mas a natureza se dispersa na burocracia.
A lavanda dentro da bolsa, entre os óculos e o celular.
Teatro dramático no Cartório.
Carimbos, meio quilo de papéis autenticados
e assinaturas de cheques nos bastidores.
Uma escrevente dedicada me aponta as linhas para as rubricas.
Inspirada e sem hesitar, assino e sinto o cheiro da lavanda.
Abelhas são moças , ramo de lavanda, minha assinatura.
Mereço mel e aplausos no fim do último ato.



* Na próxima vida, quero trabalhar num campo de lavandas.


* Imagem via Plant Art via Little pretty flowers

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| Por Prensada | sexta-feira, 27 de agosto de 2010 | 13:49.