Um choque de gênios. Paixão e criação. O diretor Jan Kounen reconta os dois anos do envolvimento de Igor Stravinski e Coco Chanel. Duas personalidades fortíssimas do início século XX. Uma mulher extraordinária e um compositor que virou de ponta cabeça o ritmo da arte musical.
Vemos a estréia mundial de A Sagração da Primavera em 1913, no lotado Théâtre des Champs-Elysées de Paris. Com coreografia do bailarino Vaslav Nijinsky.
O produtor era o célebre Serge Diaghilev. Foi um escândalo e um caso de polícia.
Para um público ultra burguês e riquíssimo que gostava de balés tipo a Dança dos Cisnes, Stravinsky soava como Lady Gaga hoje. Incompreendido. A sequência de abertura do filme , que dura vinte minutos é deslumbrante e genial. Conta a lenda, que Igor Stravinsky sonhou com um ritual pagão e compôs a obra que narra a história de uma jovem que vai ser imolada num ritual para o culto à Primavera, para trazer boa colheita para seu povo.
O diretor Jan Kounen resconstitui o tumulto que o compositor russo causou. Na platéia estava Gabrielle Chanel, atenta aquela música diferente e ainda enlutada pela morte do amante Boy Casares.
Após a Revolução Russa de 1917 , Stravinsky retorna com sua família (a mulher Yelena e quatro filhos ) exilado a Paris para ficar e está numa situação financeira complicada. Em 1920, a família do compositor vai residir na casa de campo de Chanel, que já é um ícone. Torna-se sua mecenas . E aí começam as dúvidas. Chanel entendia a música de Stranvinsky ? O russo entendia sua arte na moda ? Parece que o roteiro põe dúvidas a respeito disso. Os diálogos são poucos. Entende-se que Chanel e Igor eram movidos por paixões. Opostos complementares.
O encontro do casal provoca sensualidade, choques, ataques de raiva e criação. A música de Stravinsky torna-se mais potente e Chanel sai do seu luto e cria seu perfume mais emblemático, o Chanel nº5.
A sequência da perfumaria na cidade de Grasse , é um gozo.
Uma paixão intensa, mas não há entendimento. Há uma economia de palavras.
O diretor acerta no tom do casal. O filme tem uma riquíssima produção de arte e fotografia. Belíssimo, contido, apaixonado.
A atriz Ana Mouglalis é um escândalo, que linda voz tem essa mulher.
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