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Faz tempo que não falo do bichinho. O caracol.
Foi um condição que eu escolhi há três anos - virar um caracol profissional -
por conta de uns desajustes e melancolia.
Minha alma fechou-se numa casca grossa.
Assim, bam !! -
virei um caracolzinho.

E permaneci na minha casa sossegada.

O caracol é sempre hóspede da terra úmida,
avança devagarinho, colado nas folhas e ao húmus,
esparrama-se com vigor nas plantas,
penetra nas florzinhas - no maior bom gosto -
o caracol é tão delicado.

Se você falar muito alto, ele pode sumir;
porque não é deste reino.
Posso dizer que o caracol aparece nas horas mais improváveis.
Ele percorre a trilha do sortilégio e da pureza,
mas é um caminho que não tem pudor nenhum -
desfila sua nudez na terra, quando sai da sua casca.

O caracol, de repente, sumiu no jardim -
quase uma semente - não é animal de poder,
é só doação.
Transformou-se em terra, misturado as raízes,
folhas secas, fertilizante.
Sua casinha, porém,
permanece lá, intocada.



* Imagem via Gary Hickin photo * foto maravilhosa

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| Por Prensada | quinta-feira, 9 de setembro de 2010 | 12:32.