Viver é desenho na pele, no chão e no muro. Essas assinaturas anônimas que não compreedemos e nos surpreendem na rua. Grudadas nas paredes parecem cuspir na tua cara. Viver é uma tatuagem antiga, meio tosca e ingênua, que você fez não sabe bem porque . Viver é peregrinar por catedrais, avenidas e bares , atrás de um pouco de calor e de pessoas.
Entre livros , papéis amassados e poeira reina o cheiro de café fresco e o pão nosso.
Viver é duro e dói até o choro convulsivo.

Vejo três gatos no telhado e eles me distraem por alguns momentos, do livro que abro à esmo.

Algumas frases e histórias e me desligo do mundo.

Viver é menos que as histórias, que os poemas que em prece descobrimos.

Viver é bem menos.

O silêncio da casa é quebrado

Pelo sino da igreja e rumor da Consolação ;

Gosto desse tempo de corre tão rápido ,

Que o relógio não acompanha mais.

Inverno rubro , com olhos doendo;

nuvem chumbo e rosa no horizonte.

A secura penetra na carne feito cactus.

Uma dor coletiva, aquele parto com ferros.

( Irmãozinha, se está por aqui é prá sentir.)

Preciso de uma bebida forte, talvez , aquela pinga mineira.

Viver é um esboço de carvão,

à procura da grande Arte.



Começa a chover pesado e eu fico feliz.




* Pintura, Nelson Magalhães Filho

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| Por Prensada | sexta-feira, 8 de agosto de 2008 | 13:24.