Viver é desenho na pele, no chão e no muro. Essas assinaturas anônimas que não compreedemos e nos surpreendem na rua. Grudadas nas paredes parecem cuspir na tua cara. Viver é uma tatuagem antiga, meio tosca e ingênua, que você fez não sabe bem porque . Viver é peregrinar por catedrais, avenidas e bares , atrás de um pouco de calor e de pessoas.
Entre livros , papéis amassados e poeira reina o cheiro de café fresco e o pão nosso.
Viver é duro e dói até o choro convulsivo.
Algumas frases e histórias e me desligo do mundo.
Viver é menos que as histórias, que os poemas que em prece descobrimos.
Viver é bem menos.
O silêncio da casa é quebrado
Pelo sino da igreja e rumor da Consolação ;
Gosto desse tempo de corre tão rápido ,
Que o relógio não acompanha mais.
nuvem chumbo e rosa no horizonte.
A secura penetra na carne feito cactus.
Uma dor coletiva, aquele parto com ferros.
( Irmãozinha, se está por aqui é prá sentir.)
Preciso de uma bebida forte, talvez , aquela pinga mineira.
Viver é um esboço de carvão,
à procura da grande Arte.
Começa a chover pesado e eu fico feliz.
* Pintura, Nelson Magalhães Filho
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