Passam no teu olhar nobres cortejos,
frotas, pendões ao vento sobranceiros,
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos.

Mares onde não cabem teus desejos;
passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;

Passam lendas e sonhos e milagres !
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza !

E ao sentir-te tão grande , ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa !



* Florbela Espanca , O Teu Olhar
( outubro , 1930
)

Poema retirado da
coletânea caprichadíssima da Ed. Martins Fontes.

* detalhe de azulejos portuguêses, Lisboa

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| Por Prensada | domingo, 21 de setembro de 2008 | 22:37.