Apollo and Daphne, que viagem, hein...
Quem tem boca vai à Roma, li no manual.
Eu só olhei pela janela do banho aquele azul sem nuvens
e o avião prata brilhando
Pensava, debaixo da água quente em Bernini,
e na possibilidade de encontrá-lo.
Olhá-lo de perto e virar pedra.
Ficar estatelada no banco.
Seguranças por todo lado, museu é um saco.
Sem fôlego e bebendo uns goles de água.
Era assim que eu ia ficar.
O avião ia pro lado do Sul,
talvez Argentina.
Não ia atravessar o oceano Atlântico.
Contra-luz, a cem mil quilômetros por hora
ou duzentos mil , sei lá,
água do chuveiro quentérrimo,
e estou em Roma.
Espia aquela coluna de Bernini,
pega a mobylette
e segue pela Via Vittorio Emmanuele.
Bernini está em todo o lado; em cima e embaixo,
dentro de todas as igrejas e capelas.
Capelas em cada beco.
Bernini está bem vivo, lateja ereto
e mora em Roma.
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