Um hormônio que me agrada.
Dentro com tudo, mas escorrendo pelas bordas.
Acho que é o calor, diabos.
Limpo o suor do rosto, tiro a idéia da cabeça
e vejo a cara do árabe do Habbibs.
Coisa mais grotesca.
Tô saindo da terapia onde falei muitas coisas
de hormônios e outras fodeções.
Estender as pernas tão mal tratadas, ao sol da tarde.
Não sou da turma do invasores - sou turista aqui.
Um acidente, uma vítima, um carneirinho rumo à imolação.
Então Amon-Rá me leve daqui pra lugar melhor.
Sangramos os gritos dos mortos deste último minuto.
A terra aqui no bairro tremeu ao meio-dia , cartaz
de ajuda ao Haiti na porta do banco.
Boca seca , olhei pro céu e vi o galinho do alto da
igreja de Santa Cecília rodopiando. Vento forte.
A terapia para os miseráveis como nós
é procurar uma mão e dedos para sentir um pouco a pele.
Trocar afagos no bar, livros prá ler;
pegar um filme e beber muita cerveja.
Emprestar livros é um prazer. Trocar carícia em livros.
Afagos e beijos fugazes como o beija-flor verde escuro
da varanda da minha amiga.
Fez ninho e tem dois ovinhos. Telhadinho , abrigados
dessas chuvas malucas.
Vão nascer e voar por aí.
São as únicas coisas bonitas de sampavelox neste momento.
Não tem crise nenhuma lá no ninho: sem arrancar os dedos,
furar os olhos, teatro de arrufos e ciúme. Eles só gostam
de comer e se afagar. Sem crime passional na cozinha.
* saco cheio de terapia
* Imagem via Picturebin
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