Talvez a salvação do dia seja ver uma fresta do mar pela janela.
Aqui não tem maresia e mar bravio.
Quando eu podia olhar o mar, dava de ombros e gritava: tédio !
O mar não salva, as ondas são breves e a alma vai pela rua de encontro a multidão.
Cruzo com o Capitão Gancho dos meus sonhos na esquina imunda.
Ele, imperturbável , encosta a lâmina de sua mão esquerda do meu pescoço e sangro.
Sorri alucinado e berra: agora sim , pode sonhar à vontade !
E me retalha.

Ouço meu coração bater fora do ritmo normal, é sempre assim, quando morro.
Mas , no meu instinto primário de sobrevivência luto e sobrevivo ao corte.
Sinto aquele resíduo de imortalidade.
Sou duas, três , milhões de Patricias.
Desfigurada , navego em sangue, esperança e lágrimas.

Eu e o filhote da baleia ficamos inertes na praia.
Todos pensam que morremos.
Não , apenas sonhamos.



* The Harpooning the wooly whale,
Michael Wanderlmaier

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| Por Prensada | quarta-feira, 12 de novembro de 2008 | 11:38.